alicerce

domingo, 27 de março de 2011

Entre quatro paredes (cap2- A noite)

Quando entrámos pela casa, já os pássaros dormiam. O ambiente era inexplicável, o som das corujas, o céu no seu crepúsculo e o que me apetecia era ficar ali, deitada sobre a relva do campo, contemplando a beleza de um ambiente que parecia vazio. Mas eu sabia que estava repleto de uma infinidade de seres. Não estava frio, para uma noite de primavera. Ao contrário das noites passadas, onde parecia não haver ar respirável, dentro daquelas quatro paredes insignificantes.
-Ritinha? – Chamava-me a Marta – Ritinha?
-Desculpa, estava a contemplar este ambiente, já sentia saudades.
Ela recuou, piscando-me o olho, provavelmente para me dizer, com um olhar, que podia ficar mais um pouco.
Mal me sentei, a relva estava húmida, talvez por causa da rega automática. Senti um calafrio que me preencheu a alma inteira.
Aquela sensação foi muito estranha, não sabia o porquê daquilo. Segundos após aquele calafrio avassalador, senti um toque. Marta?
-Nunca te vi por aqui.
Aquela voz pareceu-me estranha e a única reacção que tive foi mesmo levantar-me e afastar-me.
-Q…quem és tu? – disse eu, cheia de medo.
- Gaspar, é um prazer – sorriu.
Voltei a sentar-me, pensando que seria mais um daqueles rapazes que a única coisa que sabe fazer na vida, é engatar raparigas.
- És nova por aqui?
- Vim passar o fim de semana com a minha prima.
-A Marta?
- Como é que sabes? – pela primeira vez olhei-o nos olhos.
 É dos rapazes mais lindos que já vi, e os olhos, os olhos são verdes. Não pude deixar de ficar alguns segundos, talvez quase a babar-me, contemplando aquele olhar, tão profundo. Mas, mais uma vez ele interrompeu o meu momento:
-Tudo se sabe por aqui. – sorriu – estou a brincar, sou um grande amigo da Marta.
- A sério? Ela nunca me falou de ti… Gaspar não é? 

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