alicerce

quinta-feira, 3 de março de 2011

clock1- V















***
-Já viste aqueles dois? – disse a Ana com cara de caso.
- Sim, já. – declarei completamente desinteressada em manter tema de conversa.
- Carol, não me acredito que não reparaste. – faz uma pausa à espera que responda, mas engana-se – São lindos! E eu bem vi a maneira como o Afonso te olhou.
- Lá estás tu a fazer filmes.
- Qual filme, qual quê? Quase se babava só de olhar.
- Só falta dizeres que está apaixonado.
- Olha que por acaso.
Não quis responder a tal afirmação absurda. Não tinha pés nem cabeça. Eu sei que a Ana é minha melhor amiga, mas às vezes parece que não me conhece. Sempre que aparecem rapazes novos na escola ela faz questão em citar que me amam. É vício já. Quando andávamos no nono ano, foi um descalabro total. Quase me obrigava a namorar com o namorado dela. Dizia-me que ele se sentia mal e que estava inconsolável por minha causa. Só queria que andássemos aos pares. Mas o rapaz foi querido e desmentiu tudo.
Já andamos juntas desde a pré-escola mas nunca nos demos muito bem. Quando entramos para esta escola começamos a falar, a trocar impressões e a apercebermo-nos que nem tudo era o que parecia. Somos muito diferentes. Ela é completamente maluca, eu sou calma. Gosta de muita festa, bebidas e loucura. Eu prefiro deitar-me sobre o meu sofá, lendo ou contemplando a beleza das estrelas. Dou mais valor àquilo que me rodeia, enquanto ela prefere valorizar o que faz. Mas damo-nos bem.
Quando chegámos à sala, o professor já tinha entrado. Estava em frente ao quadro junto do Afonso e do Guilherme. Não, eles não podem ficar na nossa turma.
O professor olhou-nos com cara de quem não estava satisfeito, enquanto a Ana e eu pedíamos desculpa pelo atraso. 

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