alicerce

quinta-feira, 1 de julho de 2010

finalmente, mudei

Só resolvi escrever porque a minha mãe me abriu os olhos, pensava que ela andava às escuras de tudo aquilo que se passava comigo, que quando eu chorava ela não queria saber, tudo, mas afinal estava até demais alerta.
«Há cerca de meio ano, ela não era a mesma pessoa» ouvi isto e confesso que uma dor imensa passou (…) ela disse que eu à seis meses não era a filha dela, estava noutro mundo, andava desorientada e não sabia onde me meter, sorria, fazia a minha vida normal, mas não falava de ninguém, era só eu, a melhor amiga e coisas que agora não têm nexo e ao longo desse tempo fui mudando para uma pessoa que não era realmente a menina pequenina que ela conhecia, a rapariga que estava sempre a rir e independentemente de qualquer coisa, num dia era, no outro já estava tudo bem. Disse ainda que não tinha vida própria e que por qualquer coisa amuava, virava costas ou sofria. Agora acho que todas as noites em que chorava já fazem sentido e que ela não estava só ao meu lado, estava também presente, bem presente. Sabia todas as noites que eu dormia mal e quando algo que tinha acontecido tinha sido óptimo. Mas, agora eu sei que ela tem razão e que a pessoa que fui, não era eu. Mudei, mudei sem uma escolha ou alguma hipótese, mudei por tudo o que me rodeia mas sem duvida para eu ser feliz. no passado não olhava as cartas do baralho do lado, apenas apostava e as minhas ideias eram demasiado fixas. Por mais que falassem comigo, era capaz de escutar, entender, concordar mas não conseguir seguir pela cabeça. Agora eu sei que a minha cabeça tem razão e que o coração só nos mete em sarilhos. É bom enquanto dura. No passado nunca suspeitava de nada nem de ninguém, achava que todos que conhecia eram bons e que os maus eram só os que cometiam os crimes ou pecavam. Errar é humano e todos temos esse direito, no passado era capaz de dar mil e uma oportunidades a uma pessoa que mexesse comigo, hoje eu dou uma, dou duas e não dou mais. Todos aqueles que não souberam dar valor, acho que a todas as pessoas que conheci até hoje, todas me marcaram de certa forma, nunca me deixei soltar eternamente de uma coisa que eu também queria, sempre lutei pelo que queria mas quando alguém se metia no meu caminho, eu dava espaço independentemente das consequências que isso teria para comigo, hoje sei que não vale a pena, dei mundo e meio por pessoas que nem uma unha davam por mim, fiz demasiadas coisas que hoje me arrependo mas só com elas, hoje consigo pensar desta maneira. O sofrimento fez de mim uma pessoa diferente, os actos sem pés nem cabeça, todo o amor que surgiu, as dúvidas e os preconceitos. É preciso bater muitas vezes com a cabeça no chão para aprender a chegar ao topo, agora olho todos aqueles que me quiseram ver em baixo, de cima, porque só aí é que há um lugar guardado para pessoas desse género.
Espero um dia conseguir mudar de feitio, espero um dia ser iluminada a toda a hora, espero um dia sentir-me protegida por forças inigualáveis, espero que todo o sol que me iluminou o rosto, todas as nuvens negras que passaram no meu caminho, todas as tempestades sem fim que se sobrepuseram à escuridão, que todos os sorrisos guardados e as lágrimas derramadas façam parte do meu futuro, porque hoje sei que estou assim, talvez amanhã esteja bem diferente.

1 comentário :