É estranho e pouco tranquilizante como neste momento eras só tu que me podias acalmar, eras só tu que me podias limpar o rosto e eras só tu que me eternizava a alma. Porque é nestes momentos que eu pergunto "porquê?" e não vejo respostas. É neste momento que eu sinto o meu coração como se alguém me estivesse constantemente e até essa sensação me passasse ao lado depois de todas as outras sensações que me atormentam o sono. Quero que tudo passe. Quero limpar-me desta escuridão diurna e encontrar a nossa luz. Quero que a tua alma veja a minha durante o sono só para eu te poder passar a mão no rosto e ficar a olhar para ti. E a pensar... Mas a pensar em quê eu não sei. Eu não sei nada, eu não penso nada, eu não alcanço nada a não ser ideias confusas e pouco organizadas na minha mente. Estas impressões estão a pôr-me louca. Preciso de me libertar delas nem que seja um segundo. Ou então, preciso de as organizar ao teu lado. Preciso de me deitar ao teu lado e de fechar os olhos, sem te tocar. preciso de ouvir a tua voz e preciso de sentir que a tua alma também é minha. Preciso de ouvir tudo como se fosse um sonho calmo e sereno e preciso que as nossas vozes o sejam também. Hoje, pela primeira vez, senti os nossos corações feridos, senti o sangue com dificuldade a ceder pelas lacunas. E foi a pior sensação do mundo. Pior do que eu saber que não estava bem, era ver que o meu bebé não estava também e eu só queria apaziguar isso. Mas como?
Agora estou aqui. Prova do sacrifício e do que me custou aqueles dez passos depois da porta. Agora estou só eu e a minha alma. E vamos ficar assim as duas por mais uns momentos. Até lá, quero que saibas que precisava de te ouvir só para sentir que estavas melhor. Só isso, eu só precisava disso. Disso e do pedaço de coração que me arrancaste à saída. És o portador de tudo, da mensagem, do coração e talvez até da reencarnaçao.
Deixa-me unir as nossas mãos e ouvir um silencio à nossa volta.
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