alicerce

sexta-feira, 11 de maio de 2012

2089

Revê aquele primeiríssimo dia em que trocámos palavras, em que jamais antes teria acontecido. Bom, não me recordo dos anos que já passaram, mas seguramente dois já se foram. Entretanto, sem justificação viável passou-me pela cabeça prendar-te aos dezasseis anos. Recordo-me como se fosse ontem, esses nove meses que já passaram. Mas recordo-me melhor ainda da primeira vez que nos olhamos após essas palavras. Recordo-me da amizade furtiva que construímos e sinto uma nostalgia reconfortante. Lembro-me da primeira vez que trocamos palavras frente a frente, da maneira como a minha voz tremia e de me dizeres que parecia uma avó por não ouvir devidamente as tuas palavras. Lembro-me da vergonha e dos sorrisos que esta última me causava. Lembro-me da igreja, da minha voz e as minhas pernas tremerem e da justificação ser o frio que estava no ar, do primeiro abraço e ainda da tentativa de uma trinca, lembro-me de me sentir desde logo presa nos teus braços. Lembro-me vagamente do teu enorme e lindo cabelo e lembro-me ainda melhor da tua manha e versatilidade com que me impingias os teus tão honrosos conhecimentos, sem que eu me apercebesse. Gosto da lembrança de não saber o que era um dia sem trocar testamentos contigo e lembro-me de nos mantermos diferentes e dementes em relação a isso. Lembro-me da nossa primeira chamada e da sua duração escabrosa de três horas, sem que as inconveniências nos machucassem.  Desse mesmo dia em que olhavas o teu deus e pensavas que eu só te lixava, desse tempo que citaste "amo-te, juro pelo farruco". Lembro-me melhor ainda do bem que me fazias quando a minha saúde não estava do meu lado e orgulho-me por te ter sempre aí, no bem e no mal, quando a minha voz custava a sair e quando me arrancavas o sorriso mais valioso. Lembro-me desta nossa amizade, desta linda amizade, que continua, as únicas coisas que mudaram foi sem dúvida a cumplicidade e o amor que cresceu por ti. Mas um dia o filme tinha que surgir e com este chegou também o calor do teu abraço e dos teus beijos. Gosto tanto de nos lembrar e de parar no tempo para pensar em tudo aquilo que já passamos, o bom e o mau. Das borboletas, das rastas, das flores, das fotos, dos vídeos, dos almoços, dos jantares, das vergonhas, dos medos, dos sorrisos, das musicas, das horas a conversar, dos filmes, das brincadeiras, da noite, do desenho, das aprendizagens, das mensagens, das chamadas, dos abraços, dos mimos, dos sacrifícios, do nosso amor. O meu único medo é perder a capacidade de suscitar-te ou de, inevitavelmente, criar qualquer hábito a não ser o de te ter do meu lado. Gosto demasiado daquilo que nos liga para imaginar-me sem isso. E até das nossas discussões eu gosto, das moderadas claro e da altura em que os mimos voltam. E morro de saudades de sentir o teu corpo junto ao meu,  dos teus "amo-te" que me satisfazem a alma, dos mil e um beijos seguidinhos e do nosso silencio maravilhoso. Fazes-me tão bem, tão feliz. E não te esqueças, até 2089.

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