alicerce

terça-feira, 8 de março de 2011

por um dia

Já oiço os risos à distância e anseio a chegada. Sinto-me bem, gosto de ser assim, nem que seja por um dia. Uns questionam-se com a pergunta “quem é aquela menina?”, outros troçam a batida das minhas pegadas.
Vista de longe pareço realmente aquilo que queria parecer. A mulher que mais me ama e controla ri-se antes que eu apareça a seus olhos e insiste em dizer que fico linda, de qualquer jeito. Agarro naquilo que na minha mente está perfeito, visto e deparo-me com uma imagem avassaladora. Penso em acessórios, materiais ao qual poderei dar uso. Só um chega ao meu olhar.
Imagino uma grande noite, lua cheia. Gosto de observar o seu crepúsculo. Rua cheia de pessoas, todas diferentes. Cada uma com o seu sorriso, cada olhar com a sua cor. Fico inundada nesse ambiente que insiste em reconfortar-me e deixo-me por lá, um pouco perdida. Não me importava com o efeito que esse deserto causava em mim, já que me levava a outro mundo bem térreo.
Acho que já não me importo com qualquer sensação que se atravesse no meu caminho. Habituei-me a cada uma delas e como já não são estranhas, trato-as como vizinhas. Cumprimento-as cuidadosamente para não correr o risco de ficar mal vista e decido interiorizar-me e adaptar-me a uma.
Entretanto a minha alma encontra-se ocupada. Quem quer que seja que decidiu entrar libertou algo em mim que estava desconhecido. Persisti em tentar reconhecer. Tempo perdido.
A noite já se encontrava no fim e o ser sumiu-se com ela. Gosto de ser assim, por um dia. 

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