alicerce

domingo, 30 de janeiro de 2011

Irmã


O modo inesperado como te conheci fez-me pensar que não valia a pena acolher-te junto de mim, pensei realmente que falaríamos durante uns dias e já mais nos cruzávamos. Enganei-me. A tua linda voz já é capaz de me chatear há meses e confesso não querer largá-la. Habituei-me realmente a que por ti, chegasses até a mim. Isso mudou. Agora tenho que ser eu, a lembrar-me de ti, a tentar mudar aquilo que está traçado e ouvir-te realmente, estragar-te.
Não te considero apenas uma amiga, considero-te uma irmã. O nosso caminho possuí realmente ruas em comum e foi inevitável, cruzá-las. Sabes que há coisas em ti das quais não gosto, nomeadamente a tua teimosia ou o facto de seres só por ti. Gosto de ti, mas não gosto de já seres capaz de alterar o meu estado de espírito com uma simples palavra. Conheces-me bem (demasiado bem até).
Sabes que não te quero perder, boneca. Promete-me mais uma vez que isso não acontecerá. Tenho saudades das noites em que me ligas, completamente histérica, quase a chorar. Tenho saudades de contigo, construir uma música sem pés nem cabeça. Tenho saudades da tua gata com os olhos vermelhos. Tenho saudades de te ouvir tocar (muito mal) guitarra. Tenho saudades de te ouvir gozar com alguém. Tenho saudades de contar até três contigo. Tenho saudades de te ver sorrir. Tenho saudades de dizeres «já foi mais um». Tenho saudades de quando me dizes «amo-te irmã». Tenho saudades de ti e de nós.
Lembras-te da primeira vez que me ligaste? Lembraste de atenderes e a primeira coisa que foste capaz de dizer foi «o que é que queres?»? Eu lembro-me, várias vezes até e quando isso acontece surge um sorriso  malandro. Não me importava de voltar atrás, percorrer todos os momentos e adoptá-los com mais carinho, ainda. Talvez porque tu já não me cansas.  
Irmã, sabes o dia 7 de Outubro? Não vou esquece-lo nunca. Independentemente do que o futuro traga ou leve, independentemente de te tornares realmente uma drogada sem futuro, de mim já não te livras.

1 comentário :

  1. Não sei como descrever esta ligação que temos. É certo que não te conheço desde sempre, nem tive o prazer de fazer chorar os teus olhos azuis pequeninos, roubando caprichos teus em nova. Cruzei-me já tarde na tua vida. Tarde, mas muito a tempo de viver os melhores momentos que vais ter. Falo por experiência. Estás na bela idade da mudança, e tens-me aqui, como irmã mais velha para te amparar. Sempre que estiveres a cair, eu seguro-te. Sabes que não sou a melhor conselheira, nem a melhor para dizer palavras que te confortem num momento mais taciturno mas, sou um exemplo. Ainda és miúda, podes muito bem seguir os meus passos e aprender a ser como eu. Conheces-me. Sabes que não sou de difícil compreensão, nem de muitas complicações. Tenho o que tenho, e não deixo que a vida ande um passo à frente do meu. Desculpa todas as vezes que sou só por mim, e te deixo preocupada. Sou assim. Ultrapasso as coisas sozinha, não preciso de apoio. De toda a porcaria que faço e sou, é isto que quero que aprendas comigo. Sou egoísta, muitas vezes cruel, mas se não formos assim, nesta vida onde todos se calcam para sobreviver, perdemo-nos na merda que nos fazem. Num momento achas-te completa, rodeada de pessoas que te querem bem, mas um dia, algumas dessas pessoas vão-te desapontar e até mesmo apunhalar-te pelas costas. Já viveste coisas assim, e o pior está para vir, mas como já disse, tens-me aqui. Tens-me e não é só para te limpar as lágrimas dos desgostos que te esperam. Tens-me para te vingar. Ao contrário de ti, não sou de ignorar, ponho todos na linha. Todos que se meterem contigo. Pego fogo à chuva, por ti. É o meu dever, como irmã. Levo um batalhão à minha frente e, depois levo-te a ti, para longe de toda a porcaria que te possa causar mal. Tens um coração de manteiga e, estou para ver o dia em que me vai escorregar pelas mãos. A vida ensina-nos de tudo e tu, apesar da tua pequena idade, já aprendeste muito com ela. Agora, é a minha vez de te ensinar. Sei que amas até os podres em mim, mas deixa-os de parte, e orgulha-te do que tenho de bom. Orgulha-te do dia em que ganhaste a melhor irmã que podias ter. Orgulha-te destes 4 meses que nos ligaram, como o sangue liga os irmãos. Orgulha-te, orgulha-te de mim, eu trato do resto.

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